Era o ano de 2000, trabalhava como jornalista em um
jornal na editoria de internet, em São Paulo, e dividia o quarto de um antigo
hotel, na Avenida Matarazzo, no bairro Barra Funda, Zona Oeste da capital paulista, com três
designers gráficos do jornal, sendo Rogério, Marcelo e Junior. Não lembro o
nome do prédio e acho que tinha uns seis andares e ocupávamos o quarto piso.
Tomei banho por último e quando fui dormir desliguei
a tv que tinha acabado de exibir um filme de 007 na Tela Quente, portanto, era pouco
mais da meia noite. Os meus parceiros estavam dormindo e quando comecei a pegar
no sono escutei um barulho que parecia a janela abrindo e fechando sem parar.
Dormia de cara com a parede e quando olhei a janela,
tipo de correr, ela estava fechada e o barulho, de algo abrindo e fechando,
continuava forte. Ao virar o rosto e ver o armário na entrada do quarto, que
era um móvel bem antigo, daqueles que tem um buraco de respiro para diminuir a
umidade, a porta abria e fechava sozinha, como se alguém a estivesse puxando
rapidamente para os lados.
Naquele momento congelei, uma reação típica de quem
quer compreender o que está se passando. Então pulei da cama, dei um chute na
porta que parou de mexer e acendi a luz. Os meus colegas levantaram e
perguntaram o que aconteceu.
Relatei este mesmo fato, eles foram até o armário,
disseram que eu sonhei e não deram muita bola. Fiz questão de abrir e fechar a
porta do armário para mostrar como tinha visto o fenômeno, incluindo o barulho do
fechar e abrir que era praticamente o mesmo.
Me senti como as pessoas que aparecem na televisão e
falam de coisas estranhas e ninguém acredita. Passados alguns
minutos, todos deitaram novamente e eu contrariado insistia na verdade do meu
relato.
Em seguida, começamos a falar de assuntos de assombração
e para a minha felicidade e, tristeza de meus companheiros, a porta do móvel
abriu de repente e logo, o Rogério, Marcelo e Junior, estavam ao lado da minha
cama dizendo um monte de palavras tipo “tá louco, o que é isso?”, e eu que já
tinha passado por aquilo dava risada deles.
Fomos para o armário, mexemos em tudo para ver se
havia algo diferente e nada. Resolvemos fechar a porta para não termos mais
surpresas. No dia seguinte, na mesma hora, estávamos com refrigerantes,
bolachas, outros lanches e com minha máquina fotográfica para registrar o
fenômeno. Praticamente no mesmo horário a porta entreaberta novamente mexeu e
nós vibrávamos de forma apreensiva, como se estivéssemos assistindo a um filme
de suspense.
Os dias se passaram e acostumamos com o fato. Apelidamos,
o que seria o fantasma do armário, com um nome não podia ser outro: Romário. Uma
vez, chegamos para dormir e esquecemos de trancar a porta do móvel. Era de madrugada e a porta daquela vez não apenas fechou
e abriu. O movimento foi único, a porta bateu com tanta força que o barulhão
acordou a todos imediatamente. Semanas depois, a empresa nos mudou de hotel porque
a sede do jornal se instalou no centro da cidade, na Rua São João.
Ficou a experiência de presenciarmos um fato estranho. É uma pena que na época não havia câmeras em celulares, pois com as imagens é certeza que teríamos feito uma grana vendendo as cenas para os programas de conteúdo sobrenatural que surgem nos canais de tv a cabo.
Ficou a experiência de presenciarmos um fato estranho. É uma pena que na época não havia câmeras em celulares, pois com as imagens é certeza que teríamos feito uma grana vendendo as cenas para os programas de conteúdo sobrenatural que surgem nos canais de tv a cabo.
Marcos Rosa Filho – jornalista e fotógrafo de coisas sem explicação
Porta de correr de armário antigo abria e fachava sozinha
e um dia bateu tão forte que a pancada acordou a todos
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